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30.9.20

porta poeta, na estante:


 

MARCOS PEIXE, pseudônimo de Marcos Antonio Santos Souza, é de Salvador-BA; professor, poeta, contista, escritor do segmento infanto-juvenil e participante de saraus e de antologias poéticas (inter)nacionais. Desenvolve em praças, restaurantes, petiscarias, bibliotecas, festas literárias, escolas, beira de rio, atividade oral e escrita que visa à conscientização ambiental e étnica, além de proporcionar aos estudantes das escolas onde leciona a conversação com poetas negros e indígenas. É autor de Olhos Obnubilados - crianças, adolescentes e adultos invisíveis deste país (2014), As tranças de Rapunzel (2017), O que a gente faz? (2018) e Peixe fora d’água? Por que será? (2019), pela Cultura Editorial. Para ele “A criança precisa estar no olhar do poeta, para que vire palavra, na dimensão lúdica e social, tornando-se visível”.



OS MINÍNUS SORRIDENTES

JOGAM-SE EUFÓRICOS

Lagoa larga funda no joelho (semana choveu deveras!)

As pipas pousam longe

Pra não molhar

E brincam com bola de borracha n’água

Zoam gargalham descamisados felizes

NA ÁGUA SUJA DO TERRENO BALDIO: UMA POÇA...


LÁPIS, CADERNO E LIVRO

Pega, moleque,
Este lápis, caderno e livro
Agora estuda,
Que é teu direito,
Negado a nossos antepassados.
 
Escreve, calcula
E lê nas entrelinhas
Das estórias da História
Mal contada e desarma, moleque,
Armadilhas seculares.
 
E seja gente para sempre, moleque,
Gente preta sim!
Feliz, visível e realizada,
Que é teu direito,
Negado a nossos antepassados.


 

PINGO DE GENTE
 
Quando crescer,
Vou ser um menino levado,
Desses que chegam à casa da vó
E ela diz: êta que lá vem!!
Vou ser pintão
Assim como o Lucas, Matheus ou Filipe.
 
Quando crescer,
Vou acreditar em caipora e mula-sem-cabeça,
Também em Saci, Emília e Tainá da Amazônia.
E terei a certeza de que a
Perspicácia dos sete, oito anos
Vence a malícia dos séculos.
 
Quando crescer
Vou ser grande como o Polegarzinho e
Nunca pequeno como o Golias.
Vou ser atemporal como todas as crianças:
"Ontem a gente vamos na praia?"
"Amanhã nós tava no circo e deu língua pro leão!"
 
Quando crescer
Vou trocar letras, inventar palavras,
Como pitita pra borboleta
E quinco pra ventilador.
Quero poder tudo
Que já não posso neste presente.
 
Quando crescer
Vou ser mar
Sendo pingo de gente!



A MOLHAÇÃO DO RIO
 
Sua secura desmolhou
Fauna Flora
E os pés do roceiro.
 
Um dia, chuva
Jogou-se na cabeceira
Pá! Pá não: spsiddiridifeidjda
 
Vai moiá!
Disse feliz apromando
Olho e ouvido longe.
 
Mas a certeza certa se deu
Quando viu os cabra no leio
Escarrerado pela torrente
 
Que vinha
de lado a lado
Molhando o grande rio!




MULHER BUNDA?
 
ATÉ ONTEM, SETE,
EU ERA MULHER-BUNDA,
“FILÉ!”
 
AMANHÃ, NOVE,
VOLTAREI A SÊ-LA,
COMO A MÍDIA QUER. (?)
 
ESTOU EM ANÚNCIOS,
SEMINUA,
EM MÚSICAS, SAFADA, TODA SUA.
 
HOJE, OITO,
SOU TODA
HOMENAGEM.
 
INCLUSIVE DA TV,
QUE ME PROSTITUI,
EXPLORANDO MINHA IMAGEM.
 
NÃO! NÃO! BASTA!
SOU GUERREIRA, BELA, INTELIGENTE,
SENSÍVEL, BRUTA, LOUCA, CASTA.
 
SOU DADA, TODA MALÍCIA,”BANDIDA”,
CABREIRA.SOU COMO EU, APENAS EU        
EU QUEIRA: COM OU SEM EIRA, NEM BEIRA!


Um comentário:

Poeta de praça vazia disse...

Gosto em Marcos Peixe sua falta de disposição para frescuras, sua leveza, um carisma de poeta que sabe contemplar a beleza das coisas nos tempos em que elas estão belas...E sabe tornar as coisas belas em tempos de baixa estimas. Obrigado por aceitar o convite poeta.

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