25.9.20

abrigo

ar parado, 4 paredes
óleo antigo que assentou na prateleira
o amor mofou na cristaleira
e naufragamos 
num rio que era só beira
rio de ironias, rio dos revezes
o seu não unido ao meu
a paz que virou guerra fria
a vela pro santo que derreteu
quantas traças, tantas frestas
cada tábua que caia
tinha som de fim de festa
tacos ocos, telhas tortas
insetos soltos no sótão
risos de ripas ruindo
mariposas perdendo as asas
hoje sou como essa casa
não abrigo mais você









Nenhum comentário:

Seguidores