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28.9.20

porta poeta, na estante:

      

Geraldo Figueiredo
Poeta , mineiro residente em Salvador desde 1985 . Participou dos encontros sabatinos ocorridos no CEPA (Circulo de Estudos Pensamento e Ação ) , onde se expunha a filosofia e literatura. Marcou presença em eventos poéticos como Pos -  , , Lida, Sarau da Onça , Poetas da Praça  , Autor do livro Alguma Poesia Alguma , pela Editora Organismo  .

  Fiat lux !


       Mãe...
       É  chegada a hora !

       furta -me completo
                        de fato
                 o agora

      fitar na foto do  teu ventre
                   o feto

                 bem sei
             o  meu prazer
        nenhuma sorte ignora
                          nora

            teu perfeito filho
                   é  do meu filho
              do   afeto

             repleto fruto
                meu neto




 Atestado de imunidade


     No dia em que um corona
     infalivelmente assaltou ao mundo
     declarando guerra

     Justo a mim , " o metido a besta
     mais ousado "
     o tresloucado vírus
     estendeu a mão

     Eu , gato escaldado disse :
     _ Não  ! Veja se me erra
     junte -se à  tropa
     abandonem a terra

     E se me virem
     se virem
     não viram
     virem -se é vão
     ou virarei o cão

     Viraram - se
     e se foram

     Num dia me viram
     Fingiram
     fugiram

      Sou são






Apocalipse

         Para nós
         paranóia .... !

         desceu
             do
           céu
      Dom Sebastião

         dentro
           de
          um Cavalo
          de Tróia
    






            O mito da alegria

      Num dia em que muito bebi
      andei a procurar uma tal felicidade

      Talvez  a data vencida da cachaça
       ou a isenção da falta de razão

       mas faltou -me
       banir o senso crítico

        E este senso crítico me persegue
        em badaladas sonoras
        cantando a custo com a minha
        ignorância
        mas silenciando
        para a  minha ausente estupidez

        É  justo o meu débito
        para a compatibilidade
        entre o ser alegre e o pensar

        E será o pensamento
        um vazo de ouro
        que mesmo em plena fome
        não se vende ?

        Há olhos que se arregalem
        antigas apostas em mim
        que se abalem

       Há estranheza em mim
        nesse circo
        em que o espetáculo se faz
        de artistas embriagados
        bichos amestrados

        Hienas me devorem 
        com os bicos
        antes odiosos que famintos
        mas eu não farei coro

        E eu  me indispus
        com a Única Verdade
        que me deram
        e um " cale -se de vinho "
        num cavalo de Tróia
        Dei as costas
        aos vendilhões de templos

        excomungado
        constantemente me expulsam
        do paraíso
        que me impõem 

        Consciente do exílio
        em mim pesam as consequências
        são as circunstâncias
        nuvens carregadas
        mas a alma é  leve
        posso flutuar  com a consciência





 Orapronobis

        Será o Benedito ?
        Sim  ! Depois dele
        o " seo " Joaquim  !.

         Que
         não sendo um "notável "
         nenhuma nota creditada
         ao seu fim

          trágico /
          é  sempre assim...

          indigentes
        
  .       E assim ...
          Natanael
          Das Dores
          Sebastião
          Serafim ...
      
          E
          por fim ...

          Socorro
                       Maria do

          preta / pobre
          parteira que pariu
                  o morro
                   morre

          por falta de


      
        

2 comentários:

Poeta de praça vazia disse...

O poeta Figueiredo é tímido.
Foi aos poucos que se deu essa nossa amizade, meus amigos poetas já diziam que tínhamos muito em comum, que o nosso gingado com a poesia era característico de quem buscou na poesia refugio. Figa é um daqueles poetas que sua obra é intrínseca, inseparável, é circunstancial...meu amigo é genial.

Marcos Peixe disse...

Belos e necessários poemas de Figueiredo! Simples e profundas, a um só tempo. Dizem do cotidiano, do Brasil, do universal intimista, entre a linguagem direta e metafórica.

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