20.2.21
Sou tiete
3.2.21
porta poeta:
Isabella Malta
Sou poetisa do cotidiano das pequenas e fartas emoções, poetisa a 20 anos, sem métricas e sem fitas mas com poesia me fiz e me faço de nós laços de versos de traço do compasso da escrita bonita
Pra tentar esquecer o amor
Falarei se vai chover ou não vai
Chover
Falarei que esmalte pintarei as unhas
Falarei falarei da nova marca de um batom
De capítulo em capitulo
Vibrarei com a novela
Pra falar de amor se exige muito
Pra falar de amor é preciso ter cortado um dobrado
Pra falar de amor é ter um verso em cárcere privado
Pra sentir amor então diz a bula do condenado
Apaixonado
Não é recomendado
Não Não é amargura
O amor é doce
O amor é doce doce
doce
Que de tão doce
Quando se aprecia se lambuza
O amor é agridoce
É sal
É doce
O amor tanto sacia o labio
Mas a lingua do
verso toca
A poesia e se
não for o Amor
Da enjoo
Da tontura
Da gastura
Me
fiz poeta para do amor
Falar
Me fiz
por vezes trovador
Para
de versos a monotonia
Ninar
Me
fiz um chão pisado de barro
Para
a dona poesia bailar
Me
fiz de tudo
Me
fiz de nada
Me
enchi do verso
Me
esvaziei
Das
mãos
Dos
olhos
Do
dedo da prosa
Me
fiz silêncio
Me
fiz somente uma flor
Uma
dor
Uma
alegria
Sou
Abre Alas
Porta
Estandarte
Da
Poesia
Me
fiz de vestes
De
alegoria
Nada
se pergunta ao poeta
A
poesia
Se
estas morna ou fria
A
poesia baila dança
Entre
a corda bamba
O
abismo
Da
tristeza ou da alegria
Com
vestes de rainha
A
poesia é um pouco triste
Um
pouco contente
A
poesia descontente
Me
fiz de riso
A
poesia ria da tristeza
Trizteza
ria
Do
poeta e sua maestria
Ando
à espera de nem sei o
O que
Um nó
Um laço
Um olhar de embaraço
Um cilio que bate
Um beijo no inesperado
Um amor que chega fora de hora
Bagunçando a hora
Arrumando o inusitado
Que chega calado esse amor
Mas traz barulho no peito
Taquicardia
Da poesia retira o silêncio
O amor de valsa
O amor de samba
O amor erudito
O amor bendito
O amor maldito
Ando por aí
Agarrada a poesia
De mãos dadas a loucura
Pois quem do amor procura
Não é são
Amor dito
Pelo não dito
Não dou sossego ao coração
Ando por aí
Inquieta
Da fresta da porta da rua
Nua se faz minha boca
Despe se meu calcanhar
Quem dera encontre um amor
Que me calce
Que me vista
Que seja meu oceano nos olhos
E na boca o mar
À nunca perder de vista
Quem dera
Mar se perde
Além da vista
No silêncio do azul
O amor tem que ir
A poesia é que se fica
Como um papel
Como uma terra à vista
Ando
à espera de nem sei o
O que
Um nó
Um laço
Um olhar de embaraço
Um cilio que bate
Um beijo no inesperado
Um amor que chega fora de hora
Bagunçando a hora
Arrumando o inusitado
Que chega calado esse amor
Mas traz barulho no peito
Taquicardia
Da poesia retira o silêncio
O amor de valsa
O amor de samba
O amor erudito
O amor bendito
O amor maldito
Ando por aí
Agarrada a poesia
De mãos dadas a loucura
Pois quem do amor procura
Não é são
Amor dito
Pelo não dito
Não dou sossego ao coração
Ando por aí
Inquieta
Da fresta da porta da rua
Nua se faz minha boca
Despe se meu calcanhar
Quem dera encontre um amor
Que me calce
Que me vista
Que seja meu oceano nos olhos
E na boca o mar
À nunca perder de vista
Quem dera
Mar se perde
Além da vista
No silêncio do azul
O amor tem que ir
A poesia é que se fica
Como um papel
Como uma terra à vista
Não
Não
Não
ouço músicas de amor
Não
leio versos enamorados
Não
vejo beijos de novela
Não
me estendo nesse asunto
Qual
o assunto ?
O
amor
Deveras
Assunto
é o que não falta
Oh
assunto prolongado é o AMOR
Também
existe o avesso
O vies o contrário
O desamor
Que nada mais é que o amor desavisado
Que pensa que ama
Mas não é AMADO
OH Assunto prolongado
Encurto
o Amor
Fazer
a bainha da calça
Visto
o amor
O
amor é folga
É
feriado
O
amor é regaco
Descanso
dessasosegado
O
amor é o acaso
Da
folga do cadarço
Dos
pés
Com
um sapato apertado
Com
a ferida e a cicatriz
O
amor é uma risca
Um
riiscado
O
acaso
Sem
aviso
Sem
recado
Não
avisas
Faz
e acontece
Faz
ti padecer
Roubaste
um pouco do paraíso
Chega
e se vai
Amor
de olhos insones
Faz
dormir a poesia
Faz
do verso a apatia
Ventania
de cisco
No
olho sai
O
amor cego de agonia
Que
sejas leve
Que
sejas delicado
Que
sejas......
Afff
Oh Assunto prolongado
Quem inventou o amor ?
Reticências
Breve silêncio
A flor ?
O mar ?
Vai aqui um palpite
Ó medo de amar
Inventou o amor
Que existe
Que
falta faz
Andas o papel
A escrita
A palavra de reticências
A palavra que não é dita
Penso eu cá com os meus botões
Quantas reticências
Quantas coisinhas em suspenso
Quanto amor arquivado
Quantos desafetos ainda na memória
A palavra da hora é Ausência
Tenho uma coleção aqui
Ausência da falta
Ausência de saudade
Ausência de uma poesia mal acabada
Ausência de querer correr mundo
Ausência de quase nada
Ausência do que vivi
Do que vivo
Faço um laço
Faço presente a ausência
Ausência sempre tive
A poesia transborda a lacuna
O vazio
A poesia faz do oceano
Da lágrima da ausência
O belo o vistoso
Faz da ausência
Um rio
De um pano de chão
Um vistoso
Um nobre presente
Um sonho de algodão
1.2.21
porta poeta:
Gonesa S. M. Gonçalves, Autora do livro Cata- Ventos (2020). Licenciada em letras
pela Universidade Federal da Bahia, estudante de arquivologia, bolsista
projetos especiais e pesquisadora do Grupo de Pesquisa Rasuras (na mesma
instituição). Residente na Bienal de Buenos Aires- Argentina(2019).
Coordenadora do Projeto Literário Enegrescência. Possui publicações na Revista
Organismo n° 5 e La Joven Parca. Nos livros: O diferencial da Favela (vol I e
II) e Poéticas Periféricas: novas vozes da poesia soteropolitana.
Participou e foi umas das organizadoras dos livros Coletânea
Literária Enegrescência (2016) e Vozes de Reexistência Juvenis: Presente!
(2019).
O escritor
Uma morte fria
sem alarde
Numa manhã de domingo chuvosa
talvez aneurisma
ou infarto
Estava em silêncio
a velha cadeira de balanço
que antes gemia como o peso do corpo
do animal amuado
velho burro
com o cinzeiro do lado
Relógio de aço cromado
no pulso gordo e peludo
Não houve gemidos
não foi hospitalizado
O diabo não fez curvas
fez jus ao comportamento do escolhido
E a sua face corajosa
impassível
tronco ereto
olhar intenso
velho defunto maldito
Ainda irão cantar no enterro
“Segura na mão de deus e vai”
Abcesso
monstro fálico
Obelisco
Invasor maldito
Que apunhalou meu corpo
Numa manhã sombria
Maldita cepa
Degenerativa
cianose
que não me come as tripas
mas faz jorrar sangue da minha alma
todas as noites
O velório
Sol de meio dia ardendo na cara. Estava cansada da viagem
longa. Suava. Só queria a sombra de uma árvore. Caminhava desengonçada pelo
chão seco. Lembrou que vez em quando, sob a vegetação rasteira, as cobras corais
passavam.
Chegando no quintal.
Sentou no banco de madeira improvisado que ficava logo a frente da varanda da
casa. Levantou as vistas. Estava embaixo de um pé de tamarindo. Algumas vagens quase secas no chão.
Agachou-se e começou a catar. Pôs um punhado ao lado do banco, sentou -se
sacudindo as pernas do alto e chupando o tamarindo. O velho do lado observava. Olhou para ele
meio atravessado. O tamarindo de final de época era tão ressecado como o seu
rosto magro. Vagens secas, quase mortas.
Incomodado com a visita comilona, pergunta:
- E tu não veio ver o corpo?
E agora, mulher?
O casamento acabou
O boy sumiu
A cama já esfriou
E o seu dia amanhã é de trabalho
E agora, mulher?
Você que tinha teto
Arrotava fé
José queria comer
você botava mesa
Queria camisa de manga
Você passava
Seu final de semana
Era pra arrumar a casa
E agora mulher?
Não pode ir pro bar beber
E não pode nem xingar
Contar pra vizinha
Não pode
E agora, mulher?
Cadê a sua fé?
Seu conto de fadas?
Sua aliança de ouro?
E agora, mulher?
Cadê seu nariz em pé?
Sua voz altiva
Seu salto do domingo de igreja?
E agora, mulher?
Vai fazer a vingativa
Mas perdeu a briga
E agora, mulher
Enquanto você chora
José pensa na vida
Em algum final de festa
Há quantos subúrbios
vagarosos e cinzas
descansando no escuro
dessa minha alma vadia
vago,
vago é o tempo
e eu noturna
numa cidade distante
escondida em meu peito
vago por dentro
e cintilo na roupa
pura purpurina
e o sol
reluzente
explodindo da minha retina
denuncia a alegria
de ouvir na esquina lateral
o último samba